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Uma nova série de postagens abordando o tema "Saúde e Manutenção de Instrumentos Musicais" - Parte 1

  • Foto do escritor: Araken Busto
    Araken Busto
  • 17 de out. de 2021
  • 4 min de leitura

Atualizado: 19 de jun. de 2022

A partir de agora, inicio uma série super especial contando um pouco da minha história como técnico e a forte conexão que existe entre meu trabalho e a manutenção de instrumentos musicais a serviço da saúde do Músico.

Iniciei escrevendo um curto Post mas, quando vi a importância do conteúdo decidi fazer uma série de postagens e aqui vai a primeira parte:


Ao longo de mais de 30 anos de trabalho com a música, venho falando desde o princípio sobre a importância da manutenção em instrumentos musicais. Meu trabalho nesta área foi significativamente ampliado após iniciar meu ciclo de viagens a diferentes cidades, estados e países pelo mundo.


Tive a oportunidade de acompanhar de perto, diversas características regionais, tais como, diferentes culturas, educação, regiões mais frias e mais quentes, úmidas ou secas, etc.


Todas estas particularidades impactam diretamente no estado de conservação dos instrumentos musicais, pois um local mais úmido e quente, é mais propício ao desenvolvimento de fungos e bactérias do que um clima mais frio ou seco.


Antes de abordar o assunto, gostaria de contar como foi minha primeira experiência com a manutenção que, de uma forma muito diferente, iria mudar minha vida profissional.

O INÍCIO


Quando eu era pequeno, na década de 80, meu pai Antônio Busto tinha muito carinho pela música, apesar de tocar pouco seu violão e bandolim, seu amor pela música era imenso e por isto, decidiu que incluiria a música na vida dos filhos.


Iniciou então uma jornada de compra de instrumentos de segunda mão para ver se eu e meu irmão mais velho, sentíamos uma atração e conexão por algum deles. Lembro-me que ele comprou acordeom, gaita de boca (harmônica), violino, trombone, trompete, flauta transversal, entre outros.

Com pouco conhecimento na área musical, meu pai comprava um instrumento e colocava nas mãos de meu irmão mais velho e depois em minhas mãos e pedia para que eu tentasse emitir um som no instrumento e perguntava se nós gostávamos do instrumento. Assim, foram passando os instrumentos por nossas mãos. Meu pai e meu irmão mais velho já haviam se decidido pelo violino e começaram a estudar em uma escola de música evangélica.


O SUSTO

Eu ainda estava em dúvidas e não havia me decidido até aquele momento. No entanto, algo que iria mudar minha vida aconteceu: um primo meu que já estava estudando música, decidiu tocar bombardino e meu tio comprou para ele um bombardino Armando Wengril de segunda mão, o instrumento estava em bom estado, porém parado há muito tempo.

Quando meu primo tentava tocar o instrumento, ele sentia que o ar não passava bem e que algo fazia cócegas em seus lábios quando tocava. O professor disse que provavelmente seria por não estar acostumado a fazer os lábios vibrarem, mas no segundo dia tentando emitir um som, quando meu primo novamente teve a sensação nos lábios, rapidamente tirou a boca do instrumento e então caiu sobre ele uma BARATA!

O susto e a sensação de nojo foi tão grande que ele quase abandonou a música e não queria nem ver o instrumento em sua frente. Foi aí que meu tio falou com meu pai comentando o ocorrido e decidiram levar o instrumento para um profissional higienizá-lo, para em seguida, eu poder prová-lo também.

No entanto, meu pai viu uma oportunidade e levou o instrumento para nossa casa, porém me advertiu para não tocar no instrumento até que fosse levado a um técnico para poder fazer a limpeza interna. Nesta época as coisas eram muito difíceis e encontrar um técnico de instrumentos musicais era uma verdadeira penitência, além do custo para esse trabalho. Foi então, que meu espírito aventureiro e minhas habilidades mecânicas entraram em ação, pois eu tinha apenas 9 anos de idade, porém, montava e desmontava uma bicicleta até o ultimo parafuso sem nenhuma dificuldade.


O INÍCIO DA PRÁTICA

Meu pai saía para trabalhar muito cedo e quando chegou em casa ao meio-dia, eu já havia desmontado todo o instrumento, separado cada peça, soltado as bombas que estavam emperradas por não serem utilizadas há meses e toda a máquina de pistão estava dentro de uma bacia com água e sabão, além do corpo do instrumento estar dentro do tanque de lavar roupa com muita água e sabão também.


Meu pai levou um grande susto em ver tantas peças pequenas no quintal todas organizadas e uma grande parte já limpa com álcool e outros produtos de limpeza. Ele veio diretamente para me dar uma grande bronca, mas antes que ele abrisse a boca eu sorri e disse a ele que não se preocupasse porque eu sabia o que estava fazendo.


Terminei de lavar e montar todo o instrumento para ter certeza que não havia nenhum ser vivente ali dentro e que pudesse ter uma desagradável surpresa, e esta foi minha primeira experiência com um instrumento de sopro de metal.

Isto mudou a minha concepção sobre manutenção pois, toquei este instrumento por vários anos, acho que por 5 anos e todas as vezes em que eu tocava, me lembrava deste episódio da barata e confirmava para ver se o instrumento estava limpo. Cuidei dele tão bem que meus amigos da escola de música queriam saber porque meu instrumento sempre funcionava perfeitamente e os instrumentos deles que em muitos casos eram completamente novos, não funcionavam e nem soavam como o meu.

Desta forma, já com meus 13 ou 14 anos, comecei a fazer manutenção nos instrumentos dos meus amigos, tais como, trompetes, trombones, bombardinos e tubas.


Nunca pensei que uma barata pudesse mudar tanto o rumo de minha vida e, desde então, a manutenção do instrumento sempre veio em primeiro lugar para mim.

O mais interessante durante este processo foi que consegui compreender que os instrumentos com boa manutenção funcionavam sonoramente melhor que os mesmos modelos de instrumentos, porém, em mau estado de conservação e manutenção.

Por este motivo, me especializei em “personalizar” instrumentos de metal. Eu trocava minhas tubas com outros músicos, recebendo um valor em troca, desmontava estes instrumentos, alinhava a máquina de pistão milimetricamente e com alguns truques que aprendi durante todo este processo, liberava o estres do metal, fazendo com que o instrumento tocasse mais fácil, mais afinado e com mais harmônicos.


Desta forma tão peculiar eu tive mais de 30 tubas durante minha vida musical, pois trocava, comprava e vendia estes instrumentos e utilizava a manutenção preventiva como ferramenta de trabalho.


CONTINUA!


ree

 
 
 

6 comentários

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Adriano Pessoa
Adriano Pessoa
22 de out. de 2021

Que bela história 👏👏👏👏, muito obrigado por vc compartilhar suas histórias e experiências... 🙏🙏🙏

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Araken Busto
Araken Busto
22 de out. de 2021
Respondendo a

Muito obrigado meu caro!!!!

um grande abraço!!!

na Segunda feira temos mais.

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smmsopros
smmsopros
21 de out. de 2021

Grande Araken, sempre buscando se aperfeiçoar mais e mais... Parabéns pelo belo trabalho que vem desenvolvendo na área de manutenção e lutheria de sopros! Obrigado por compartilhar conosco informações tão importantes. De seu pupilo Frederico Jofrei.

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Araken Busto
Araken Busto
22 de out. de 2021
Respondendo a

Olá Mue caro Jofrei,

Muito obrigado por suas palavras e pelo carinho.

Um forte abraço e até a próxima postagem!!!

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Dimas Renato Garro
Dimas Renato Garro
20 de out. de 2021

Muito bom meu amigo, parabéns, seu blog está cada vez melhor e as Histórias são muito boas!!!! Muito obrigado por compartilhar conosco!

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Araken Busto
Araken Busto
20 de out. de 2021
Respondendo a

Grato Meu caro Dimas,

Fico muito feliz que tenha gostado e muito em breve postarei a segunda parte.

Um fote abraço!!!

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Âncora 1
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